A Jovem e o Mar: cinebiografia com ar de fábula

Baiano Nerd
A Jovem e o Mar
Divulgação/Disney+

Gertrude Ederle foi uma lenda do esporte no início do século passado, entretanto, não era tão conhecida nessa nossa parte do globo. Num espaço de 4 anos, de 1921 a 1925, Trudy deteve 29 recordes, tanto nos Estados Unidos, quanto em outros países. Além de vencer o sarampo, considerado fatal naquela época, ela foi medalhista e realizou seu feito mais notável: tornou-se a sexta pessoa no mundo e a primeira mulher a atravessar o Canal da Mancha.

Rainha das Ondas

Por ter atravessado o famoso braço de mar que separa a Grã-Bretanha da França, Gertrude Ederle ganhou o apelido de “Rainha das Ondas”. E é a cinebiografia deste grande nome, com uma pegada quase que de conto de fadas, que chegou, recentemente, ao catálogo do Disney+.

Em A Jovem e o Mar, Trudy é interpretada por Daisy Ridley com ares de otimismo e de forma bem contagiante. Famosa por vários filmes, incluindo Assassinato no Expresso do Oriente, também disponível no streaming, e a saga Star Wars, a estrela exibiu uma capacidade dramática mais elevada. Embora nas cenas que exigiam drama ou emoção maior, tenha recorrido para recursos comuns, como as lágrimas, ela atua muito bem. Além disso, era muito importante que Ridley entregasse uma atuação convincente.

Sobre a trama

Em sua estrutura, o filme segue a risca à cartilha da jornada da heroína. Conhecemos uma protagonista que vence logo cedo algo muito grande, mas que carrega sequelas disso, de forma que nenhum feito grandioso é esperado dela. Só que Trudy descobre um grande talento e surpreende a todos, ficando cada vez melhor nele. Após um período de glória, vem a adversidade, a queda e a quase desistência, somente para que ela possa se reerguer e se superar mais uma vez. É batido? É clichê? Sim! Mas funciona quando bem feito.

Seja no carisma da protagonista, na empatia pela história ou no ares de fábula que o diretor norueguês, Joachim Rønning, dá à produção, você se envolve com o filme de tal maneira que a torcida, vibração e empatia pela protagonista são inevitáveis. É aquele tipo de longa que você até verbaliza na hora que a personagem vai conseguir, como se ela pudesse te ouvir, sabe? E não sei vocês, mas eu adoro este tipo de história. Algo que também chama a atenção é como uma produção, com orçamento relativamente modesto e feito para o streaming, tenha conseguido uma ambientação tão boa dos EUA dos anos 20. Claro que tudo é mais claro e limpo do que aquela época realmente deveria ser, mas é um visual bem atraente. Como se trata de uma cidade costeira, a beira da praia é de uma beleza sem tamanho.

Veredito

O roteiro, de Jeff Nathanson, não faz feio – e apelar para a simplicidade é seu maior feito. As modificações feitas dos acontecimentos reais dão mais dinâmica, profundidade e cria conflitos, podendo até contrariar quem conhece muito a fundo a história original. A demonstração de maior rivalidade que a Trudy tem com o próprio treinamento, bem como o ajuste de tempo feito na sua travessia ao Canal da Mancha, fez com que a história se tornasse mais emocionante, sem ter aquela “quebra” de cadência, bem comum em filmes do feral.

A Jovem e o Mar é um filme que tem muito coração. É possível ver nos detalhes o comprometimento com a produção, que reflete na tela de forma muito positiva. Você vai torcer e se emocionar com aquela garota que tenta fazer o que quase todo mundo considerava impossível. Fui arrebatado e, por duas horas, me envolvi completamente nessa jornada. Que venha mais produções com capacidades semelhantes de nos causar tamanha imersão.

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