O Rei da TV, série da Disney, tenta retratar a trajetória do icônico Silvio Santos. Com duas temporadas e episódios de 45 minutos, a produção não possui autorização da família Abravanel e recebeu diversas críticas dos mesmos.
Trama
A história transita entre duas linhas temporais. A primeira narra a ascensão de Senor Abravanel até o estrelato e sua popularidade junto ao público. Já na segunda linha, vemos um Silvio Santos mais velho, dividindo-se entre a atenção à TV, SBT e os cuidados com sua saúde.
Senor inicia sua carreira ao encontrar um ambulante e perceber o quanto o rapaz fatura vendendo com carisma sua mercadoria. Encantado, ele pede para que o rapaz o ensine. Em um golpe de esperteza, Abravanel passa a perna no ambulante e começa ele mesmo a atuar como vendedor.
Personalidade
Algumas cenas deixam dúvidas, como o medo de Silvio Santos de perder o estrelato, sua arrogância em certas situações e, às vezes, o preconceito. Embora não tenha conhecido Silvio Santos pessoalmente, acredito que, nessas cenas, houve uso da liberdade criativa pelos criadores André Barcinski e Marcus Baldini.
Entre essas inconsistências, a série mostra que Silvio Santos “roubou” o Baú da Felicidade de Manoel da Nóbrega, quando, na verdade, o apresentador ganhou a empresa. Em uma entrevista, Carlos Alberto de Nóbrega, filho de Manoel, esclareceu o ocorrido:
“O meu pai ligou para o Silvio: ‘Silvio, preciso que você me ajude. Eu estou ferrado. Não posso ter meu nome sujo. Toma conta disso pra mim.’ No final do ano, ele já tinha salvo meu pai dessa vergonha. Aí meu pai disse: ‘não, Silvio. Você já me ajudou, já me tirou do buraco. Fica com o Baú pra você’”, disse Carlos Alberto.
Outro problema são as críticas do próprio Silvio Santos e de suas filhas.
“Não é boa nem ruim. É meio piada. Podiam fazer melhor. A série foi muito mal feita, podia ser bem feita“, afirmou Silvio.
Cynthia Abravanel também expressou sua insatisfação com a história contada pela série.
“Eu não assisti. Não é nossa vida. Aquele lá não é meu pai. Completamente desrespeitosa. Eles estão esperando a gente entrar [na Justiça] porque querem se dar bem. Falei para as minhas irmãs: ‘nem dá bola…’.”
Vale a pena?
No geral, a série é uma boa escolha para quem deseja conhecer a trajetória de Silvio Santos, mas é necessário assisti-la com um olhar crítico e não tomar a história como verdade, e sim como uma expressão da liberdade criativa.
A produção é bem feita, com boas atuações. O que deixa a desejar é a caracterização do personagem principal, que muitas vezes não se assemelha ao Silvio Santos que conhecemos.
Na linha temporal do início de carreira, o cenário e as construções são bem elaborados, demonstrando um bom trabalho de caracterização dos ambientes.
