Hellboy e o Homem Torto: fidelidade não é tudo

Hellboy e o Homem-Torto: fidelidade à HQ não é tudo
Foto: Imagem Filmes

Hellboy estreou nos quadrinhos em 1993, na San Diego Comic-Con Comics #2, da Dark Horse. Desde então, o Filho do Inferno ganhou destaque em diversas mídias, como animações e games. Nas telonas, mais especificamente em live-action, o personagem criado por Mike Mignola vem tentando se estabelecer desde 2004. Ou seja, há 20 anos estava sendo lançado o primeiro filme dirigido por Guillermo del Toro e estrelado por Ron Perlman. Agora, Hellboy e o Homem Torto chega aos cinemas.

Com uma produção mais modesta, o novo longa não possui qualquer ligação com saga de del Toro, encerrada em Hellboy II: O Exército Dourado (2008). Também não segue a versão de 2019, que teve David Harbour (o xerife Hopper, de Stranger Things) no papel principal. Aqui, o público vai encontrar Hellboy (Jack Kesy, o Black Tom, de Deadpool 2) em 1959, ainda em suas primeiras missões pela Agência de Pesquisa e Defesa Paranormal (B.P.R.D.).

Numa área rural do EUA, ele e a agente Bobbie Jo Song (Adeline Rudolph, de O Mundo Sombrio de Sabrina) se deparam com o mistério do Homem Torto (Martin Bassindale, de Oferenda ao Demônio).

Um terror acessível

Dirigido por Brian Taylor (Adrenalina), o título conta com o quadrinista Mike Mignola como roteirista. Sendo assim, a participação ativa do criador do anti-herói faz com que o filme se aproxime dos gibis que somam mais de 30 anos de sucesso. Muito disso está na atmosfera de terror que predomina desde o primeiro trailer até a estreia da produção. Contudo, a tensão e alguns sustos resumem a experiência – sem grandes bizarrices nem cenas que possam traumatizar pessoas mais sensíveis a horror.

Quadro por quadro

Com tantas adaptações de HQs virando filmes e séries, muito se discute sobre o quanto trazem do material de origem. Em Hellboy e o Homem Torto, tudo parece pensado para recriar os quadrinhos – o que pode ser ótimo para os fãs. Do visual do protagonista até a cena em que a bruxa Cora Fisher (Hannah Margetson, de Min kamp) volta ao próprio corpo como um guaxinim, o alinhamento é preciso. O aspecto do vilão também não deixa a desejar, causando aflição com cada estalo de seu corpo.

Onde está o pecado

No entanto, mesmo com a atenção aos detalhes, a impressão que a obra dá é de que Hellboy desceu mais uma prateleira em Hollywood. Diálogos rasos, prejudicados por atuações sem muita inspiração, pesam sobre a produção. A experiência intensa que o longa prometia vai perdendo o impacto com momentos mornos em que a direção parece não saber que rumo tomar. Uma pena, porque a estética ajuda, mas o orçamento aparentemente menor impede a qualidade que daria alma ao filme.

No fim das contas, Hellboy e o Homem Torto mostra que o Vermelhão possui uma mitologia rica e trabalha com conceitos interessantes do sobrenatural. Porém, lhe falta ainda um projeto com a visão e o investimento necessários para sustentar continuações. Sem isso, a obra de Mike Mignola vai ficando cada vez mais próxima da danação.

Next Post

Alien: Romulus: Fede Alvarez revitaliza terror no espaço

O aguardado filme Alien: Romulus trouxe de volta o terror clássico da franquia Alien com uma nova visão criativa do diretor e roteirista Fede Alvarez. Conhecido por seus trabalhos em Evil Dead e O Homem nas Trevas, Alvarez se uniu ao lendário produtor Ridley Scott para criar um novo capítulo […]