Agatha Desde Sempre: criatividade e boas intenções

Agatha Desde Sempre: criatividade e boas intenções

Como reconhecer um bom vilão? É possível dizer que é um vilão o qual o público ame odiar. Podem ser também aqueles que colocam planos maquiavélicos em prática usando inteligência e manipulação. Ou talvez aqueles que, mesmo não tão famosos quanto sua contraparte heroica, ainda possuem o dobro de seu glamour. Sem dúvidas, estes três pontos compõem um retrato fiel de Agatha Harkness – e mais ninguém.

Muitos fãs se mostraram céticos quanto a nova série do MCU para o Disney+, e com razão. Além de ser um spin-off de uma personagem pouco conhecida, a ideia de explorar um assunto não muito familiar ao público gerou descrença: covens e bruxaria. Ah, e o fato das últimas produções seriadas do estúdio terem decepcionado também não ajudou em nada a situação.

Ainda assim, o MCU também trouxe ótimas séries para sua coleção. Entre elas, Wandavision e Loki foram as que mais se destacaram. Logo no início, Agatha Desde Sempre já demonstrou suas intenções: ser uma continuação direta da primeira, ao mesmo tempo em que acena com confiança para a segunda – são as únicas produções do MCU focadas em vilões, afinal.

A trama começa seguindo as inspirações de Wandavision, dessa vez com uma clara referência a Mare of Easttown. Conforme vai saindo de sua prisão mística, Agatha vai se dando conta da realidade, e passa a buscar uma forma de recuperar seus poderes e voltar a ser quem era – uma das bruxas mais vis e poderosas do mundo.

Já no começo fica claro que a série está disposta a se esbaldar na liberdade criativa. Explora as possibilidades vindouras de um cenário fantástico para explorar o contexto místico do Universo Marvel – um núcleo bastante subestimado, por sinal.

Com relação ao elenco, Kathryn Hahn dá vida mais uma vez à Agatha, agora como protagonista. Desta forma, Hahn consegue explorar muito mais as nuances da bruxa, entregando uma personagem fascinante que caminha entre o maligno, o cômico e o insano.

Joe Locke, conhecido por seu papel em Heartstopper, interpreta um personagem misterioso cujo apelido é apenas “o jovem”. Ele evidencia a versatilidade de Locke, sendo bastante divertido e carismático, encantando o público com seu fascínio pelas artes místicas e, ao mesmo tempo, representando o otimismo que falta na protagonista. Além disso, os mistérios que envolvem sua história já demarcam uma grande carta na manga para o final da minissérie.

Outra atriz que se destaca é Debra Jo Rupp, que retoma seu papel de Wandavision. Mesmo com uma participação pequena nesta estreia, já rouba boas risadas, demonstrando que será um dos principais alívios cômicos da obra.

Por fim, a série trabalha muito bem todo seu mistério e a temática de misticismo e bruxaria. Une isso ao bom-humor característico da Marvel e à atuação exemplar de Hahn, para criar um produto final descontraído que encanta, mas sem muitas pretensões. Ainda que não seja totalmente inovadora, ou quiçá uma ruptura na trajetória do Universo Cinematográfico da Marvel, começa de forma bastante promissora, com divertir aqueles que lhe derem uma chance.

Agatha: Desde Sempre, portanto, começa se inspirando em Wandavision, mas quebra estas amarras e vai muito além. Expande a mitologia da sua antecessora, honrando-a em um digno pedestal de referência para construir a própria trama. Desta forma, se utiliza da mistura de mistério, suspense e comédia – aliada às boas atuações – para construir uma identidade própria em uma estreia divertida e promissora.

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