Após quatro anos do lançamento do primeiro filme, que surpreendeu os assinantes da Netflix em pleno início da pandemia de covid-19, O Poço ganhou uma sequência, desta vez com a personagem principal Perempuan (Milena Smit).
Temas e questões existenciais
Assim como no primeiro longa, O Poço 2 aborda temas como desigualdade social, moralidade e a luta pela sobrevivência. A nova trama também enfatiza a importância da comunicação e da empatia entre os indivíduos, destacando como essas características são cruciais em momentos de crise.
A continuação não serve apenas como uma exploração mais profunda do universo do anterior, mas também como um comentário sobre a sociedade contemporânea, refletindo as tensões sociais e as disparidades que persistem no mundo real.
Estilo visual e narrativa
Visualmente, O Poço 2 mantém a estética sombria e opressiva que caracterizou o primeiro filme. A cinematografia é intensa, criando um ambiente claustrofóbico que coloca o espectador na pele dos personagens. A narrativa é ágil, com reviravoltas que mantêm o público preso, enquanto os diálogos contêm momentos de reflexão e crítica social.
Conflitos
Em O Poço 2, novas regras foram impostas para garantir que todos tivessem acesso à comida, algo que no primeiro parecia quase impossível. Uma das principais razões para isso é a dificuldade que as pessoas têm em pensar nos outros, priorizando apenas suas próprias necessidades.
Nesse cenário, surge um grupo denominado “Leais“, que promove uma revolução dentro do poço. Estando nos andares superiores, eles têm acesso a uma quantidade maior de alimentos e, assim, tornam-se responsáveis por garantir que os níveis inferiores, ao receberem o banquete, consigam controlar o consumo para aqueles que estão abaixo.
Dentro dos Leais, existem os Ungidos, encarregados de punir aqueles que desrespeitam as regras. As punições são extremamente severas, acrescentando mais sofrimento à vida dos personagens, que já enfrentam situações como mutilações, tortura e morte. À medida que as normas começam a ser violadas, O Poço 2 se transforma em uma verdadeira carnificina.
Cansada de viver sob essas regras e após ter sido duramente punida, Perempuan decide seguir o plano de seu antigo colega de cela, que morreu. A estratégia envolve o uso de um gás que os controladores do poço aplicam para reorganizar as celas uma vez por mês. A protagonista sabe que esse gás é uma variante do sevoflurano, um anestésico geral. Assim, ela utiliza um material que funciona como um filtro contra infecções, permitindo que permaneça acordada durante o efeito do gás.
Desfecho (atenção, spoilers)
Antes de colocar seu plano em prática, Perempuan consegue eliminar o líder dos Leais, Dagin Babi (Óscar Jaenada), e seus capangas. Entretanto, ao ingerir o material, ela quase se engasga e desmaia. Para sua surpresa, acorda no momento exato da troca e se depara com os guardas ao seu redor.
Ela percebe que está amarrada entre vários cadáveres, sendo levada para o fundo do poço, e avista uma criança colocada na cela mais baixa da prisão. Decidida a salvá-la, Perempuan arrisca sua própria vida e acaba sofrendo um golpe fatal ao bater a cabeça.
O estágio final de O Poço 2 funciona como uma representação da nova consciência da protagonista, que opta por uma escolha diferente daquela que fez fora da prisão. Ao invés de buscar sua própria salvação, ela se sacrifica por outra vida, mas não consegue tempo suficiente para alcançar a redenção ou ascensão. Assim, seu destino se torna o fundo do poço para sempre.
Os filmes se conectam?
O Poço 2 não é, na verdade, uma sequência direta de O Poço, pelo menos não em termos cronológicos. O novo longa se passa aproximadamente um ano antes da história do original.
Essa informação não é claramente apresentada durante a divulgação e só se torna evidente quando personagens do primeiro título fazem aparições na sequência. A linha do tempo pode ser confusa até que se compreenda a conexão. No entanto, a obra ainda oferece uma referência para aqueles que assistiram à produção original.
