Mostra SP: Corações Jovens e a ternura em um olhar

Corações Jovens, de Anthony Schatteman. Holanda, Bélgica, 2024.

E nossa cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo continua! O filme da vez foi Corações Jovens, de Anthony Schatteman.

Corações Jovens e olhares apaixonados

Na trama, o jovem Elias se vê apaixonado por Alexander, seu novo vizinho da frente. Tentando entender seus sentimentos, o garoto vive um dilema profundo alimentado pelo medo de ser quem é, e da busca pela própria felicidade.

Corações Jovens é um filme simples, e se entende como tal, sem qualquer pretensão de ser mais do que é. Seu roteiro utiliza diversos clichês do gênero, mas não no mal sentido. Isso porque toda a trama é muito bem escrita, e tais clichês servem para tornar a experiência ainda mais aconchegante.

Desta forma, a trama consegue ser familiar, ao mesmo tempo em que surpreende com as atuações encantadoras de um elenco jovem promissor. Em seus olhares, vemos a ternura e a paixão de um pelo outro, tornando toda a experiência deste longa-metragem ainda mais apaixonante.

As atuações de Lou Goossens (Elias) e Marius De Saeger (Alex), portanto, são os grandes destaques do filme. Mesmo sendo atores mirins com pouca experiência, ainda entregam mais como um casal do que muitos atores renomados por aí.

Além disso, a trama deixa de ser apenas sobre a relação do casal, e também dá certo enfoque na relação de Elias com a família. Com um pai cantor, o garoto se vê em um cenário onde parece que o pai se importa mais com a própria imagem do que com o filho. Tal relação é explorada em segundo plano, conseguindo trazer ao público o contraste entre a raiva e a comoção.

Corações jovens e finais de ternura

A maior qualidade de Corações Jovens, entretanto, fica por parte de ser uma história honesta e otimista sobre dois pré-adolescentes LGBTQ+. Por um lado, a maioria das histórias deste tipo tem sempre um final triste e trágico – desde expulsos de casa até mortos pela intolerância alheia. Ver um casal de dois meninos em um filme repleto de otimismo e boas intenções é, de fato, bastante acolhedor.

Antes que digam sobre perversões e romances inapropriados, é importante ressaltar que nada acontece no filme além de simples selinhos. E, ao mesmo tempo, ressalta-se que obras com protagonistas pré-adolescentes heterossexuais sempre foram naturalizados, como ABC do Amor ou até mesmo Stranger Things.

Corações Jovens, portanto, permite que outros jovens da mesma idade – que também lutam com os mesmos dilemas e incertezas – possam se ver representados, possibilitando-os entender mais sobre si mesmos. Permite, também, que possam se enxergar em contextos mais otimistas, onde o amor pode estar a apenas um olhar de distância.

Deste modo, Anthony Schatteman entrega uma direção promissora, que é fortalecida pelas belas atuações de Goossens e Saeger, que facilmente transmitem ternura e paixão pelo olhar. É, portanto, o tipo de filme que encanta, ao mesmo tempo em que deixa corações de todas as idades quentinhos. Mais do que isso, Corações Jovens também é um filme para que as novas gerações crescam de bem consigo mesmas, para que possam enxergar, assim, um final feliz.

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