Astronauta: graphic MSP vira sci-fi denso e maduro

Astronauta: graphic MSP vira sci-fi denso e maduro
Foto: Max

Astronauta “Astro” Pereira fez sua primeira aparição nos quadrinhos em 1963, mas foi em 2012 que o personagem da Mauricio de Sousa Produções ganhou sua versão absoluta. Afinal, foi neste ano que saiu Astronauta: Magnetar, com roteiro e ilustrações de Danilo Beyruth e cores de Cris Peter. Esta HQ, aliás, não só foi a primeira de uma série em 5 edições, como também marcou o lançamento das graphics MSP neste formato – hoje, elas somam mais de 40 publicações.

Dos quadrinhos ao streaming

Se, no papel, as aventuras do Astronauta Pereira já apresentavam visual deslumbrante, as expectativas saíram de órbita quando a HBO, pela Max, anunciou sua adaptação em série animada. E, na última semana, tivemos a oportunidade de assistir à temporada completa (de 6 episódios). O primeiro estreou no streaming na sexta-feira (18) e o restante será lançado semanalmente.

Ficção científica made in Brazil

Na trama, conhecemos Pereira (Marco Pigossi) no pior momento de sua carreira. Ele está fora da BRASA (Brasileiros Astronautas), a resposta tupiniquim à agência espacial estadunidense, após passar pelo evento traumático do qual retornou com um traje de tecnologia avançada. Se profissionalmente o protagonista não vai bem, sua vida pessoal segue na mesma toada. Ou seja, o rapaz se distanciou de Ritinha (Mel Lisboa), moça com quem ele anteriormente planejava se casar.

Enquanto tenta se reaproximar da jovem, Pereira acaba tragado de volta aos mistérios do espaço sideral quando um grupo de astronautas da BRASA desaparece durante expedição na Lua. Junto a isso, o herói da vez começa a ter visões sobre seus colegas e os perigos aos quais estão à mercê. Na prática, este é o chamado que Astronauta precisa para abrir caminho na Terra e fora dela em missão de resgate.

Isto é o suficiente para que o público adulto – para quem a série é voltada – embarque na história rumo ao desconhecido. A obra é competente em imprimir uma atmosfera de tensão e diálogos sérios, dizendo logo a que veio. A escolha dos atores também influencia a experiência, dando vozes fáceis de identificar e atuações com sobriedade acima do esperado.

Narrativa e visual de outro mundo

A estética de Astronauta é um espetáculo à parte. Traços, cores, movimentos e como os fenômenos extraterrestres são retratados tornam esta produção nacional extremamente singular. É muito difícil – ou até impossível – encontrar uma obra tão visualmente bela quanto Astronauta no catálogo brasileiro e, internacionalmente, entre adaptações de quadrinhos.

Porém, o que mais chama atenção na atração é a profundidade de seu enredo. Num primeiro momento, a trama acena para a existência de alienígenas como o estereótipo de homenzinhos verdes. Contudo, ao desbravar seus enigmas, o Astronauta é guiado a uma ameaça muito maior e mais enigmática. Os astronautas sumidos, o traje futurista e sua nave, tudo se conecta de forma de maneira complexa, fazendo o espectador ansiar por respostas no capítulo seguinte.

Astronauta se aproxima tanto quanto possível de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) e Interestelar (2014), bebendo das fontes destes clássicos do gênero. Fãs de sci-fi brindam a isso.