O maior evento literário da América Latina está de portas para os autores independentes. Completando 40 anos e em sua 21ª edição, a Bienal do Livro Rio ainda não possuía um espaço reservado para artistas independentes. Sempre tomado pelas grandes editoras, com estandes alegóricos, agora o evento traz o Artists Alley, que foi preenchido por 36 artistas, em sua maioria quadrinistas e ilustradores que conquistaram o público da feira.
Espaço inédito na Bienal
Tivemos a oportunidade de conversar com Emerson Vasconcelos, curador do Artists Alley da Bienal do Livro que comentou como foi processo de curadoria:
“Então, quando a agência me procurou com esse projeto na mão, ele já estava sendo feito e eu quando bati o olho, fui convencido de que valia a pena vir para cá e em 60 dias organizar toda a curadoria. E isso envolveu: a minha seleção, conseguir classificar todos os selecionados…e obviamente, eu escolhi muito mais selecionados do que cabia no espaço desse projeto piloto.
Estamos com 32 mesas e a maioria de fora do Rio de Janeiro, pois abrimos para o Brasil inteiro. Então, tem gente de todas as regiões aqui na Bienal. E na curadoria, o processo mais difícil é categorizar e orientar quem é de qual região e de qual estilo. Dentro disso, eu consigo escolher quem atende melhor o Artists Alley… não é melhor ou pior, não é o meu gosto pessoal, aqui temos que colocar de todas as regiões do Brasil e com estilos variados. Foi bem desafiador e ao mesmo tempo, podemos ver nomes emergentes, nomes que são destaques em vários eventos de quadrinhos no Brasil, como: Carlos Ruas, Gustavo Borges e tantos outros.
E acabou que a gente conseguiu…era um grande desafio e quando eu peguei (o projeto), eu pensei: “vai ser difícil, vou me cansar e me arrebentar”, mas valeu cada segundo.”
Dos quadrinhos do Instagram para o lançamento de uma HQ em formato físico, Rafael Fritzen, mais conhecido por seu trabalho Ângulo de Vista, gerou filas constantes com Charlie, O Jovem Adulto. O quadrinista ainda tinha opções como prints e canecas e atendia a todos com muito carinho e autógrafos incessantes.
Gustavo Borges também fez presença no Artist’s Alley da Bienal, comemorando seus 10 anos de carreira. Com 7 títulos expostos – incluindo Cebolinha: Recuperação, pelo selo MSP –, Gustavo autografou, tirou fotos com todos os fãs que passaram por lá e também recebeu a todos com muito carinho — devo ter causado uma tendinite nele ao pedir os 7 trabalhos autografados. Me desculpe, mas sou e fã e faria novamente!
Enquanto autografava meus exemplares, Gustavo conversou sobre a importância da expansão da feira, abraçando os artistas independentes. “É muito importante podermos trazer os quadrinhos para a Bienal, é o maior evento literário que nós temos”, comentou.
Certamente todos ganham com o aumento das HQs na Bienal do Livro. Trazendo ainda mais público ao evento, mais expositores, gerando atrações diferenciadas, além de aumentar a visibilidade de trabalhos espetaculares como os que pudemos ver nesta na feira.
“É uma oportunidade de trazer, inclusive, pessoas de fora. Não existe outro evento como esse por aqui.”, completou o quadrinista.
É a inauguração do Artists Alley na Bienal e esperamos que seja um espaço permanente e presente em todas as próximas edições do evento, com ainda mais oportunidades e valorização aos nossos amados artistas.