BGS 2024: conheça o universo do cosplay

Julia Bomfim
BGS 2024: conheça o universo do cosplay
Foto: Brasil Game Show

Em eventos como a Brasil Game Show (BGS), o cosplay é sempre uma das grandes atrações. Os fãs dessa cultura dedicam tempo e esforço para recriar fielmente personagens icônicos da cultura pop e, diferente das fantasias, o cosplay vai além de apenas vestir roupas inspiradas em personagens: trata-se de uma arte detalhada e meticulosa, que envolve performance e imersão total no personagem.

Além do personagem

Os cosplayers vêm de diferentes perfis e idades, mas o que os une é a paixão pela cultura geek e pop, além do desejo de trazer seus personagens favoritos à vida. Muitos membros da cultura cosmaker e cosplayer participam de diversos eventos ao longo do ano, como é o caso do @CosplayNostalgico, um cosplay experiente, que participa da BGS há anos, com diferentes personagens.

Vim todos os dias, cada dia com um cosplay diferente. Hoje era para eu ter usado outro, mas não deu certo, então estou com o do Robô Jetsons“, explica ele, reforçando a dedicação necessária para estar presente nesses eventos com caracterizações variadas.

O cosplay é uma forma de expressão e muitas vezes superação pessoal, como conta Leandro Silva, cosplay do Batman na BGS 24: “Comecei num momento em que quase estava entrando em depressão. Sempre mexi com arte e vi no cosplay uma maneira de criar algo novo e sair daquela fase ruim“. Hoje, além de ser cosplayer, ele também é cosmaker, ou seja, confecciona os próprios trajes e também vende para outros fãs. “Gosto muito do Batman. Me identifico com ele porque, assim como o personagem, eu busco conhecimento e tento superar minhas limitações.”

As caracterizações para ser cosplay

Uma das principais características do cosplay é que ele não se resume a uma “fantasia”. Enquanto as fantasias são geralmente simples e podem ser modificadas a gosto, o cosplay envolve atenção aos mínimos detalhes. A Steffany Teixeira, cosplay de Princesa Peach, participou de inúmeros eventos com diversos personagens, esclarece essa diferença: “A fantasia é algo básico, que você pode montar com as suas próprias roupas, enquanto o Cosplay tem detalhes pequenos. Por exemplo, o do Mario (Bros), você pega um macacão e está quase pronto, agora o cosplay vai precisar de uma maquiagem, os adereços corretos, além de encenar o personagem, é bem mais complexo”.

Para os amantes dessa cultura, a experiência não é apenas vestir uma roupa, mas sim, mergulhar no universo. Marcela Frota, vendedora de shopping, que estava na BGS 24 de Chapeleira Maluca, também compartilhou a experiência de ser julgada ao caracterizar. “O povo pensa que a gente é desocupado“.

Ela, que já tem anos de experiência, relatou que o cosplay é uma forma de expressão pessoal e artística, que ajuda a aliviar a pressão do dia a dia. No entanto, também mencionou a falta de compreensão da sociedade em relação ao tempo e esforço dedicados ao cosplay. “Mesmo quando não estou totalmente montada, eu sinto olhares de desprezo. Não é só brincadeira, é arte. E isso toma tempo e dinheiro“, desabafou.

Você se sente o personagem“, reforça Leandro (Batman), destacando a sensação de não apenas estar vestido de “algo”, mas ser a personificação dele. Nesse segmento que é marginalizado na sociedade, por ser considerado “fútil”,  o que os motiva a continuar é receber o carinho do público nos eventos. “A galera jovem me para pra tirar foto, e isso me faz muito feliz. Eu gosto de viver essa experiência e saber que compartilham da mesma paixão“, complementa ele.

Os desafios de entrar no cosplay

Embora o cosplay seja uma prática apaixonante, ele também traz desafios significativos, principalmente durante grandes eventos como a BGS. Um dos maiores obstáculos é a locomoção e o conforto, especialmente para trajes mais elaborados. “De locomoção, o mais difícil é esse aqui do robô dos Jetsons“, confessa o @cosplaynotálgico, sobre o cosplay que estava usando no evento. “Eu vim de carro já com a parte de cima pronta, mas ainda assim dá trabalho“, afirma.

Qual a parte mais difícil do seu cosplay?

Além do peso e da complexidade de alguns trajes, a temperatura também é um problema recorrente. Muitos eventos acontecem em ambientes fechados e lotados, o que agrava o desconforto. Peças volumosas ou de materiais como EVA, biscuit, plástico ou tecido grosso podem tornar a experiência de andar pelo evento fisicamente exaustiva. “Com a Harley Quinn, é mais gostoso andar porque é um cosplay mais leve, mesmo com muitos acessórios“, afirma Steffany (Princesa Peach), comparando suas experiências com diferentes trajes.

Outro desafio é a logística de transportar e montar os trajes. Os participantes muitas vezes precisam finalizar cosplays complexos no local, e isso pode ser uma dor de cabeça. “Eu não tinha ninguém para fazer minha maquiagem hoje, então não pude usar meu outro cosplay”, lamenta o Robô Jetsons, reforçando como a ajuda de terceiros é muitas vezes essencial.

Como os cosplayers vão ao banheiro?

Além disso, os cosplayers também lidam com questões relacionadas à exposição e assédio. Especialmente para mulheres, a abordagem desrespeitosa de alguns frequentadores é uma preocupação constante. “É sempre bom perguntar antes se a pessoa quer tirar foto. E claro, sem encostar! Isso é muito importante, especialmente quando é uma personagem feminina“, comenta Steffany (Princesa Peach), sobre a experiência de abordar um cosplay em evento. Por trás do personagem existe uma pessoa e é de máxima importância respeitar os seus limites, independente de como ela está vestida.

Mas apesar dos desafios, a comunidade cosplayer é altamente colaborativa. Muitos compartilham dicas, experiências e até formam redes de apoio para ajudar uns aos outros. A Stefanny (Princesa Peach), também ressalta a sensação de pertencimento que o cosplay traz. “Eu fico com muita vergonha quando a galera vem tirar foto, mas ao mesmo tempo eu amo. Esse carinho do público é o que mais gosto nos eventos“, conclui ela.

O cosplay, para muitos, é mais do que apenas vestir um traje — é uma arte, uma paixão e, mesmo com todas as dificuldades, a recompensa vem no reconhecimento do público, nas conexões feitas e na satisfação pessoal de dar vida aos personagens que tanto amam.

Qual o cosplay mais diferente que você encontrou, durante a BGS?

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