Bienal 2024: cinema e literatura nacional em destaque

Julia Bomfim
Bienal 2024: cinema e literatura nacional em destaque

O cinema brasileiro ganha uma nova chance de brilhar no cenário internacional com o filme Ainda estou aqui, protagonizado por Fernanda Torres. A produção, ovacionada no Festival de Cinema de Veneza, no domingo (1), está sendo amplamente cotada para representar o Brasil no Oscar do próximo ano. Com uma narrativa poderosa e atuações de destaque, o longa tem chances de vingar Central do Brasil, indicado à premiação em 1999, com Fernanda Montenegro na categoria de melhor atriz.

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Fernanda Torres, Walter Salles e Selton Mello foram OVACIONADOS por incríveis 10 minutos após a estreia do filme ‘Ainda Estou Aqui’ no Festival Internacional de Veneza. As primeiras impressões da obra são extremamente positivas e a informação é de que a Sony Classics vai fazer forte campanha do longa nesta temporada de premiações. Vídeo: Serena Ucellinemi #aindaestouaqui #fernandatorres

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Essa questão do reconhecimento internacional, no entanto, não se limita apenas ao cinema. Na Bienal do Livro, a mesa88 “A popularização da literatura brasileira no exterior”, realizada no domingo (8), reuniu três importantes figuras da literatura nacional – Itamar Vieira Jr., Stênio Gardel e Flora Thomson-DeVeaux – para debater o crescente interesse pela literatura brasileira fora do país. A discussão trouxe à tona a curiosa realidade de que, enquanto no Brasil as artes sofrem com desvalorização e falta de incentivo, autores brasileiros têm sido amplamente reconhecidos e premiados no exterior.

Itamar Vieira Jr., autor de Torto arado, compartilhou a trajetória surpreendente de seu romance, que foi indicado ao International Booker Prize e conquistou o prêmio Montluc Résistance et Liberté na França. Para Itamar, essa é uma experiência incrível e inesperada.

Stênio Gardel, que emocionou o público com o sucesso de A palavra que resta ao ser agraciado com o National Book Award nos Estados Unidos, também comentou sobre o privilégio de ver sua obra reconhecida globalmente.Meu livro é muito interiorizado, ele levanta questões muito importantes para sociedade ao retratar um homem velho, gay e analfabeto, a leitura é feita com alma e aproximação com a personagem. Com o livro sendo traduzido para outras línguas, temos a oportunidade de levar a leitores de outras nacionalidades como abordamos temas tão importantes, a nossa visão da sociedade“, comentou Stênio.

A tradutora Flora Thomson-DeVeaux trouxe uma perspectiva fundamental à palestra ao discutir seu trabalho com a nova tradução de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que tem ganhado uma nova legião de fãs, especialmente após viralizar entre leitores americanos. “A minha é a quarta versão traduzida de Machado para a língua inglesa. E isso é bom, novas traduções, levam a novos leitores. Sem a tradução não haveria literatura brasileira no exterior“, disse Flora, destacando como as traduções têm desempenhado um papel crucial no reconhecimento internacional da literatura brasileira.

No centro dessas discussões, a questão que permeia tanto o cinema quanto a literatura é clara: o consumo de arte brasileira pelos próprios brasileiros precisa ser mais instigado, enquanto o público internacional parece cada vez mais maravilhado com as obras. É assim que o filme Ainda estou aqui se conecta com essa narrativa mais ampla. O reconhecimento internacional não deveria ser o impulso para haver mais leitores e cinéfilos brasileiros. “A nossa literatura revela a nossa diversidade e a nossa história, a história de um país inteiro”, conclui Itamar.

Além da arena cultural, a 27ª Bienal do Livro de São Paulo conta com os espaços Educação, Cordel e Repente, Infância, Bibliosesc, Auditório Ziraldo, Cozinhando com Palavras, entre outros. Veja a programação completa no site oficial e não perca as palestras, debates e sessões de autógrafos com grandes nomes da literatura nacional e internacional.

O evento está ocorrendo no Pavilhão do Anhembi até o dia 15 de setembro.

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