Mostra SP: Anora é conto de fadas de sonhos e luxúria

Mostra SP - Anora

Dando início ao segmento da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, temos um dos queridinhos do festival: Anora, novo longa de Sean Baker.

Anora, a stripper borralheira

O filme conta a história de Anora, uma stripper do Brooklyn que se casa impulsivamente com um cliente: o jovem filho de um oligarca russo. Entretanto, o conto de fadas de Anora é ameaçado quando a família dele se mostra extremamente contra a relação.

O roteiro aborda todos os acontecimentos de forma simbólica, quase como um conto realista da Cinderela para maiores. Anora muito se assemelha à Gata Borralheira, fazendo um trabalho cansativo – e de certa forma degradante – para poder sobreviver e, quem sabe, realizar seus sonhos algum dia.

Mostra SP - Anora

Anora esbanja carisma desde as primeiras cenas do filme. Assim, o espectador é impulsionado a torcer por seu sucesso. A empatia da personagem vai se tornando cada vez maior conforme a trama se desenrola, e seus sonhos se tornam mais palpáveis. Nesse sentido, o público se sente bastante próximo de Anora no final, e é convidado a compartilhar de seus mais diversos sentimentos – os bons e os ruins.

Ivan, o príncipe russo

Ivan, o par romântico da protagonista, acaba sendo o completo oposto em relação aos sentimentos do público. A luxúria do personagem guia os acontecimentos da trama, e suas promessas a Anora selam o destino da garota para com o longa. Seus desejos, sua paixão, seu tesão por Anora, que aos poucos se revela como nada mais que o anseio pro viver algo a mais.

Já por parte do público, Ivan consegue ser um misto de emoções. A graça de um rapaz ingênuo transpassa para a desgraça de um jovem mimado; gosto vira desgosto; e a empatia se perde em indiferenças.

Mostra SP - Anora

Um conto de fadas estilhaçado

Os ótimos personagens, entretanto, não são o único ponto forte do filme.  A versatilidade do roteiro também surpreende, mesclando o teor erótico da história com a ternura dos sonhos de Anora.

Equilibra o drama cru e frio de uma realidade pesarosa, com toques cômicos que destoam positivamente. Do mesmo modo, as nuances do roteiro levam o espectador da euforia à raiva, da tensão ao riso, e do sereno ao choro.

Anora, portanto, se destaca como um filme com identidade própria, que alterna entre diferentes gêneros para contar sua história. Entrega figuras carismáticas, que ressaltam as emoções do público a cada nova decisão impulsiva.

Por fim, como um casaco de pele russo, o roteiro alenta ao ressaltar que sonhos podem virar realidade. Mas, ao mesmo tempo, puxa o tapete dos pés do espectador, e pisando nele com sapatos caros e relembrando a mais crua das realidades.

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