O Corvo: remake não foi feito para agradar fãs do original

Sally Borges
O Corvo
Divulgação/Lionsgate

Em alguns casos, os remakes são considerados muito melhores que os originais. Não foi o que aconteceu com a nova versão de O Corvo, que chega nesta quinta-feira (22) aos cinemas brasileiros. Rupert Sanders, diretor do longa, parece ter traído – novamente – não apenas os fãs do filme de 1994, mas todo o legado de Brandon Lee.

Refilmagem é necessária?

Essa foi a pergunta que rodeou os admiradores da primeira produção. Desde 2019, ano em que o projeto de Corin Hardy com Jason Momoa foi cancelado, até março passado, quando Alex Proyas, diretor do longa original, desaprovou a versão de Sanders, muitos se questionaram sobre o que seria novamente exibido nas telonas.

Uma das dúvidas era a cena que provocou a morte do filho de Bruce Lee. Neste trágico momento, o sombrio herói entrava em um apartamento e acabava levando um tiro após ver a sua amada violentada por criminosos. A refilmagem não reproduz o take, no entanto, outras cenas em que o personagem é baleado nos remetem ao acidente.

Melancolia moderna

De um filme completamente melancólico, obscuro e com o peso de um falecimento, vemos agora uma obra ‘gótica suave’. Desta vez, Bill Skarsgård protagoniza Eric Raven, que retorna dos mortos para vingar a própria morte e a de sua alma gêmea, Shelly Webster (FKA Twigs). São os dois contra o mundo… ou seria só ele?

Ainda mais diferente da versão original, a refilmagem enrola cerca de uma hora para contar a história de Eric, o que inclui o romance avassalador, a morte e a ressureição. O Corvo de 1994 apresenta tudo em, no máximo, 15 minutos. O novo longa se inicia com um vídeo revelador de Shelly em uma espécie de seita satânica.

O Corvo
Divulgação/Lionsgate

Após ser presa e levada para uma clínica de reabilitação, a jovem conhece Raven, por quem se apaixona desesperadamente. Desse modo, o casal foge do local e acaba morto pela equipe do líder do grupo, Vincent Roeg (Danny Huston). Depois de Kronos, o senhor do tempo, conceder a volta à vida, Eric se reencontra com a versão de Lee e segue o roteiro original até os últimos minutos. E não, não há cena pós-crédito.

Um amor vale a própria vida?

Com todo respeito a Edgar Allan Poe, autor do livro que originou as obras, mas um amor de 48 horas realmente vale a própria alma? Não é sobre a intensidade dos sentimentos, mas sobre o quão disposto você está para se vingar e abrir mão de sua vida. O que salva a refilmagem de O Corvo é a atuação de Skarsgård, ora evocada por um Sandman, de Neil Gaiman, ora dando flashbacks da fisionomia de seu icônico personagem Pennywise.

Contudo, o novo longa não é um completo desastre. Há uma trilha sonora que condiz com diversas cenas e uma maquiagem que dispensa muitos efeitos especiais. Por fim, os fãs de muito, mas muito, sangue também vão se deliciar com o remake. Embora ainda tenha fôlego para agradar apenas a nova geração, o remake, distribuído pela Imagem Filmes no Brasil, nem deveria ter saído do papel.

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