Uma série com o tema gastronomia, mas que não é um reality show. Aliás, podemos dizer que O Urso, apesar de ter um restaurante como pano de fundo, nem mesmo é sobre culinária. Criada por Christopher Storer, a atração exclusiva do Star+ (dentro do Disney+) nos apresenta a Carmy Berzatto (Jeremy Allen White), um chef de cozinha renomado que assume a lanchonete de seu falecido irmão, Mikey (Jon Bernthal).
Isso é o que é dito, mas a história vai muito além. Ao longo das duas temporadas já disponíveis, o personagens que surgem na trama cativam e comovem revelando seus traumas e sonhos. Talvez esse seja o tempero especial trazido pelo seriado. Abaixo, confira o review de O Urso:
1ª temporada: caos é o prato principal
Após saber da morte do irmão, Carmy decide voltar à Chicago para tocar o estabelecimento. Em seu currículo, constam experiências na Dinamarca e França, além de ter recebido 3 estrelas Michelin atuando em Nova York. Porém, o rapaz – que processa o baque da perda – encara um restaurante desestruturado. O seu desafio, então, é reerguer o lugar e deixar a antiga equipe de Mikey afiada.
No The Original Beef de Chicagoland, trabalham Richie (Ebon Moss-Bachrach), Tina (Liza Colón-Zayas), Marcus (Lionel Boyce), Sweeps (Corey Hendrix), Ebraheim (Edwin Lee Gibson) e Neil Fak (Matty Matheson). No enredo, cada um deles tem seu momento de destaque e ganha profundidade, embora Richie, Tina e Marcus se sobressaiam.
Richie é o agente do caos, sempre contrariando Carmy, enquanto Tina (de origem latina) é uma cozinheira de mão cheia que aproveita para refinar sua técnica. Marcus, por sua vez, tem um sonho: produzir doces. É um deleite vê-lo aproveitar a chance de estudar, estagiar na Europa e alcançar um alto nível.
O roteiro em si gira em torno do imbróglio administrativo que o restaurante virou. Sem manutenção, contas em dia ou alvará, a lanchonete faz com que Carmy e companhia busquem todo tipo de solução para fazê-la funcionar – de delivery a dinheiro emprestado com agiota! Manter as portas abertas acaba sendo um exercício (desesperador) de persistência.
2ª temporada: respostas com sabor amargo
O segundo ano de “The Bear” (título original) vai além do caos para tratar o lado prático da coisa, ou de todas as coisas. Nela, o restaurante já tem nome (se chama “O Urso”) e prazo para abrir as portas. A presença de chef Sydney (Ayo Edebiri) auxilia, mas também desafia a liderança de Carmy.
Sydney acredita que trabalhar com Carmy pode ajudar em sua evolução, mas o psicológico conturbado do rapaz o faz menos presente do que o necessário. No entanto, isso somente reforça a importância de Sydney no desenvolvimento do menu – que funciona como identidade do estabelecimento.
Sobre o protagonista, muito de seu jeito introspectivo é explicado no sexto episódio, um “especial de Natal”. É neste capítulo que o público tem a oportunidade de conhecer a família Berzatto antes da tragédia que deu início a tudo. Se for assistir, prepare-se, pois a energia caótica toma conta e extrapola, de maneira que entendemos o quão impactado ficou Carmy, porque, de certa forma, também ficamos.
Veredito: sabor de quero mais
Ao oferecer um cardápio variado de emoções, O Urso emociona, nos faz rir e mostra o quanto pessoas podem ser complexas, revelando – e, por vezes, escondendo – belezas e dores. Cada personagem é tão intrigante que parece real, rendendo sempre surpresas. Com sua fórmula caótica, a série entrega capítulos imprevisíveis, que, assim como seus protagonistas, remetem à vida como ela é.
Outro ponto interessante é o jeito com que a atração explora a bela cidade de Chicago, onde se encontra Mr. Beef, restaurante que inspirou a criação do programa.
