Um Barco e Nove Destinos
“Um Barco e Nove Destinos, de Alfred Hitchcock, é um filme que se passa inteiramente em um bote, repleto de personagens diferentes, que descobrem o que fariam para sobreviver nas águas agitadas de suas circunstâncias. Em Nova York, um bote pode se parecer muito com um apartamento barato, em um belo prédio no West Side”. Assim começa o oitavo episódio da quarta temporada de Only Murders in the Building, que se utiliza do subtexto criado por Hitchcock para desenvolver sua trama intrigante.
Intitulado “Um Barco e Nove Destinos“, a trama entrega o trio protagonista se unindo ao elenco do filme para desmascarar os westies. Os moradores da ala Oeste, entretanto, têm seus próprios planos.
Um apartamento e onze personas
O episódio segue bastante divertido, ainda que menos cômico que seu anterior, mas isso não é algo ruim. Afinal, o ponto forte de Only Murders in the Building é o equilíbrio perfeito de drama, comédia e mistério.
Tendo isso em mente, deixa claro ser voltado para que o público e os personagens tenham respostas – mas talvez não as que gostaríamos, ainda não. Desta forma, foca em diálogos que exalam evolução dos personagens, tanto do trio principal quanto dos westies.
“Um Barco e Nove Destinos” reúne onze personagens dentro de um único apartamento, em um conflituoso embate de ideias em busca de respostas. Por mais difícil que pareça, a série ainda consegue fazer com que cada um dos onze personagens tenha seu momento de brilhar, seja por momentos cômicos ou emotivos.
A alusão ao filme de Alfred Hitchcock vai ficando cada vez mais clara, indo além do título do episódio e da cena inicial. A união dos personagens, enquanto divergem entre ideias e noções de mundo, se tornam mais palpáveis e dão cor ao seu desfecho. Por fim, ressalta-se uma das últimas cenas, onde o olhar dos personagens no elevador, muito se assemelha ao olhar do elenco de Hitchcock ao final do longa.
Desta forma, Only Murders in the Building segue divertindo, mas com muito mais enfoque em seus personagens do que no mistério em si. Caminha em passos curtos e sem pressa, rumo à conclusão de sua melhor temporada até então. Com isso, deixa um questionamento: se um bote pode ser um apartamento, então quão perdidos estão nossos protagonistas em meio às misteriosas águas do Arconia?
