Nós, eles…
Em 2023, a Globoplay lançou uma série que se tornou uma grande sensação não só nas plataformas, mas também nas redes sociais. Idealizada por Lucas Paraizo, Os Outros abordou o dia a dia de algumas famílias em um condomínio carioca, que passavam por diversas brigas e intrigas que se escalonavam até sair do controle. Afinal, a culpa é sempre do outro.
Após um ano de ponderações sobre “onde está Marcinho?”, a série finalmente volta para sua segunda temporada. A história agora se passa em um condomínio de casas, e começa quando o novo morador Sérgio (Eduardo Sterblitch) chama a atenção dos vizinhos por causa de graves acusações na Justiça.
Logo no começo, fica claro que a temporada vai misturar as tramas anteriores em aberto com as intrigas de novos personagens. A presença de Cibele (Adriana Esteves), Marcinho (Antonio Haddad) e Lorraine (Gi Fernandes) – dentre outros – já retoma o que ficou para trás, ao mesmo tempo em que serve de apoio para a introdução de novos núcleos.
Dentre os atuais rostos, os que se destacam nesse começo são Raquel (Letícia Colin) e Paulo (Sérgio Guizé). Em uma trama que envolve possessão, desconfiança e desejo, ambos compõem um casal que não consegue engravidar. Isso acaba gerando frustrações que guiam o relacionamento entre si e, ao mesmo tempo, com as pessoas ao redor.
…e os outros
A estreia do segundo ano de Os Outros não trouxe uma catarse tão grande quanto o piloto da série, mas mostrou ao que veio. Aqueles momentos crus de tensão estão presentes no decorrer do episódio, assim como os silêncios angustiantes que tornaram a série o que é hoje. Tudo isso sendo usado como ferramentas para levar o público àquela mesma sensação familiar de que, mais cedo ou mais tarde, vai dar mer**.
Dentre as demais primeiras impressões, fica claro que com o sucesso da primeira temporada, Lucas Paraizo se permitiu ir além. A direção está mais ousada, mais criativa, tentando sair da zona de conforto, ao mesmo tempo em que traz algo familiar, mas engrandecido.
Os enquadramentos e movimentos de câmera, por exemplo, são claramente mais elaborados. Além disso, apresentam cenas que, mesmo muito abertas e em locais enormes, transmitem claustrofobia, falta de ar.
Aqueles momentos contemplativos, sem diálogo, também estão muito mais frequentes. A trilha sonora, mais alta, mais épica. Ambos fatores que levam o espectador a ser guiado pelos sentidos – o desconforto, o temor, o suspense.
Apesar do segundo ano de Os Outros ter começado narrativamente mais tímido, se sobressai com maior ousadia em seus traços técnicos. A temporada, portanto, inicia de forma promissora, com a promessa de usar novamente a tensão, a angústia e a liberdade criativa para contar uma história que poderia ser minha, sua, ou dos outros.
