Pisque Duas Vezes: thriller chocante e bem dirigido

Foto: Warner Bros. Pictures

Conhecida – mais recentemente – por interpretar Selina Kyle em Batman (2022) e estrelar a série Alta Fidelidade (2020), Zoë Kravitz indica querer mais de sua carreira nos cinemas. Agora, nos bastidores. Afinal, com Pisque Duas Vezes (Blink Twice), Kravitz faz sua estreia como diretora. E, em seu primeiro passo nesta nova etapa, deixa clara a sua intenção de causar impacto, com um thriller que destrincha os cantos mais sombrios do universo dos super-ricos – da ficção, é claro.

Na história, que Kravitz assina com E.T. Feigenbaum (com quem trabalhou em Alta Fidelidade), Frida (Naomi Ackie) e sua amiga, Jess (Alia Shawkat), entram como funcionárias em uma festa do bilionário Slater King (Channing Tatum), mas saem como convidadas para um retiro em sua ilha particular. Para elas, até aí, parece que os contos de fadas podem ser reais. No entanto, ao desembarcar e ter seus telefones recolhidos, a dupla percebe que há algo de estranho com o lugar e as pessoas.

O grupo inclui amigos de Slater King, cada um trazendo consigo uma (ou um) convidada(o). Na prática, tudo leva a crer que são dias de férias entre amigos ou casais.

Direção que aumenta o suspense

Aos poucos, algumas inconsistências – como objetos que desaparecem – fazem com que Frida e Jess se questionem sobre o acontece na ilha. Para quem assiste, a aura enigmática do ricaço e o clima de culto sinistro quase explicitado pelas interações com trabalhadores do local indicam o perigo. Zoë Kravitz eleva ainda mais a tensão ao inserir flashes de cenas sem contexto completo, como as jovens correndo à noite.

De dia, quando a narrativa segue mais linear, unhas sujas e roxos na pele vão preenchendo o quebra-cabeças.

Sistema feito para o apagamento

No começo do longa, Slater King surge num vídeo, daqueles gravados na praia e de cara limpa, em que pede desculpas por todo o mau comportamento de que é acusado. A ilha, então, surge como uma forma dele lidar com isso. O roteiro inclui um terapeuta (Kyle MacLachlan, de Twin Peaks) que apoia King pregando o perdão através do esquecimento. Porém, isso só é interessante para um lado (o do agressor), não é mesmo?

Vingança como melhor remédio

Pesado e difícil de se processar, Pisque Duas Vezes é direto ao retratar o abuso ao qual um grupo de jovens mulheres é exposto. É um filme que assusta, tanto pelos horrores de algumas cenas, quanto pelos vilões acharem natural o mal que estão impondo. Em comparação a É Assim Que Acaba, que também aborda violência à mulher, a obra de Kravitz é muito mais explícita e chocante.

Por todo o terror psicológico e físico que traz à tona, o título ainda acerta ao usar de sarcasmo e uma dose considerável de violência para amarrar seu final de uma forma satisfatória.

Next Post

James Spader volta como Ultron em série do Visão

James Spader deve retornar ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) como a voz do vilão robótico Ultron na nova série da Marvel Studios para Disney+, ainda sem título oficial. A série será um spin-off de WandaVision, que conquistou sucesso tanto de público quanto de crítica. Spader, que interpretou Ultron pela […]
James Spader volta como Ultron em série do Visão