A Umbrella Academy…
O meme do cavalo – que começa com uma bela figura em chamas, e acaba com um rabisco banal – representa bem diversas séries da atualidade. De fato, séries que começam bem, mas terminam mal, são até comuns, mas algumas conseguem ir muito além, como foi The Umbrella Academy.
A série estreou sua primeira temporada em 2019, apresentando a história dos irmãos Hargreeves, que um dia foram super-heróis mirins renomados. Temporada após temporada, os protagonistas acabam sempre precisando se reunir para impedir o fim do mundo. A quarta e última temporada finalmente estreou e, depois de assisti-la, talvez você também deseje que o mundo tivesse acabado.
…tenta salvar o mundo…
A temporada acompanha os irmãos Hargreeve sem poderes, em uma linha temporal em que a Umbrella Academy nunca existiu. Seis anos depois, os protagonistas precisam deixar suas vidas comuns para investigar uma seita multiversal e resolver o sequestro de um dos membros da família. Toda a proposta dos personagens sem poderes, entretanto, dura pouco tempo, pois logo os ganham de volta – junto de outras habilidades banais e sem propósito.
Falar que o quarto ano da série foi ruim é, no mínimo, um eufemismo. O roteiro deixa de lado tramas importantes, como se elas nunca tivessem existido. Além disso, faz seus personagens voltarem atrás em seus desenvolvimentos, cria e explora relações desinteressantes, e apresenta resoluções risíveis e muito mal executadas.
Dentre tramas importantes que foram esquecidas, temos o casamento de Luthor e Sloane. O que foi uma parte importante da temporada anterior, nessa foi simplesmente esquecido e sequer mencionado.
Há quem pense que seria uma oportunidade para finalmente voltar a explorar a relação de Luthor e Allisson, mas esse também foi um tópico inexistente. Ainda sobre Alisson, uma das relações mais marcantes que teve ao longo da série foi com Viktor. Tal relação, entretanto, não teve espaço no encerramento da série.
Já Klaus, que passou as três primeiras temporadas evoluindo, volta para suas raízes de lunático ensandecido em uma trama extremamente banal e desinteressante. A única banalidade maior que essa, ao longo da temporada, foi o novo relacionamento que surgiu sem qualquer motivo aparente: Cinco e Lila.
Envoltos em uma trama de desamparo e solidão, os dois personagens acabam se envolvendo romanticamente, criando-se um triângulo amoroso com Diego. De forma vazia, a série pisa no conceito de Cinco, seu melhor personagem, em uma longa sequência de ações que nada condizem com o Hargreeve mais amado pelos fãs.
Antes celebrada por seu bom-humor, diversas piadas acabam sendo entregues de maneira forçada, em uma escrita patética que impede qualquer possibilidade de boas risadas. Dentre elas, uma piada constante é o fato de Diego ter engordado nos anos que perdeu seus poderes. Além de patética, nem essa piada se mantém, visto que o ator acaba tirando a camisa em algumas cenas, revelando, novamente, seu tanquinho. O trabalho de Luther como stripper, que tenta gerar boas risadas, não consegue ir além da vergonha alheia – e não no bom sentido.
…mas sempre acabam causando o apocalipse.
Ainda assim, é justo falar os pontos positivos desta temporada de The Umbrella Academy. E, são eles: música Baby Shark e uma sequência de combate grandiosa e divertida em uma cidade distante. É isso.
O roteiro aparenta como se tivesse sido escrito por alguém sem interesse, cansado, como se ninguém mais soubesse para onde ir ou o que fazer. Mesmo sendo a menor temporada, com apenas seis episódios, acaba por ser a mais desinteressante, enfadonha, arrastada. Se fossemos usar o meme do cavalo, seria: cavalo pegando fogo, desenho bem traçado, rabiscos e, por último, um cemitério. Afinal, o cavalo não mais respira.
Ainda que a conclusão da obra tenha sido, de certa forma, bastante criativa, acaba sendo apagada pela péssima execução. Sequer parece haver esforço para se construir um caminho coeso até seu desfecho. The Umbrella Academy, portanto, entrega um produto final que vai além do decepcionante: chega a ser uma ofensa aos fãs, ao seu legado e, ao mesmo tempo, se consagra como a pior temporada final já lançada pela Netflix.
