Todo Tempo que Temos mostra que cada segundo importa

Julia Bomfim
Todo Tempo Que Temos: romance ganha 1º trailer

Todo Tempo Que Temos, dirigido por John Crowley (Brooklin), segue Tobias (Andrew Garfield), um homem recém-divorciado, que se envolve com Almut (Florence Pugh), uma chef de cozinha. De primeira, a perspectiva é que estamos vivenciando as lembranças do casal. De forma, que nos propõe a entender o início, meio e fim desse romance “à primeira vista”, que cresce rapidamente e se depara com acasos da vida.

Crowley dirigiu o filme com sutileza, esquivando dos clichês de comédias românticas e dramas. Ele utiliza do humor em várias cenas para cortar o melodrama, mas não torna o longa repetitivo. É uma trama que você se compadece com as personagens, e dá boas risadas com as soluções criativas de como lidar com a perda. Já que, não há uma resposta certa para encarar o luto, ainda menos quando ele se aproxima rápido, roubando a oportunidade de criar mais memórias.

Garfield e Pugh entregam atuações sensíveis mesmo com uma estranheza – ao ver o espetacular Homem-Aranha como pai de família – é possível separar a personagem do ator e enxergar a profundidade do romance construído com Florence. A química de ambos se conecta com o público e demonstra com exatidão a fragilidade e o sofrimento da chegada do fim.

Mesmo lidando com a partida, o título evita o sensacionalismo, optando por um ritmo calmo e contemplativo. Esse foco no drama humano é reforçado através da escolha de fotografia e cenografia. Trazendo, aos personagens e ao público tempo para processar as emoções. Essa perspectiva, alimentou o fato de estarmos nas lembranças do casal. Além de colocar o título em evidência, nem todo tempo será suficiente para o que temos

As lembranças que realmente importam não são apenas as bonitas, mas também as difíceis e dolorosas. Sem elas, a história perderia sua intensidade e paixão. Para tornar essas memórias mais reais, cada recordação é acompanhada de um sentimento de apego, através do paladar. Assim, cada cena se inicia com a experiência de uma refeição, o que parte de um entendimento do ato de partilhar alimento ser o maior ato de amor – já que, você permite o outro entender os seus hábitos e gostos mais peculiares. Durante a vida deixamos poucas coisas serem absorvidas e entrarem no nosso cotidiano, mas uma delas é a comida.

Por assim, é válido se questionar “Quanto tempo sobra para o que realmente amamos, quando lembramos que um dia tudo vai acabar?“. Ter que viver com essa certeza é doloroso, principalmente quando às dúvidas de ser esquecido ou substituído permeiam o restante da vida. 

Com isso, Todo Tempo Que Temos oferece uma experiência que explora a fragilidade dos laços humanos e uma reflexão sobre amar e enfrentar as perdas e percalços da vida. Sim, ao assistir o filme você vai ter vontade de viver cada segundo da vida mais intensamente.

A estreia oficial nos cinemas brasileiros está marcada para 31 de outubro.